A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG) estima prejuízo de R$ 23,2 milhões nas 195 propriedades rurais mineiras atingidas pela lama de rejeitos de mineração da Barragem de Fundão, que se rompeu em 5/2/2015, em Mariana. Os dados fazem parte de estudo divulgado em 16/2 e repercutido em diversos jornais e sites de economia e agropecuária.
O levantamento ocorreu a partir de visitas técnicas entre novembro de 2015 e janeiro deste ano. Avaliaram-se os impactos do desastre em 95% das propriedades rurais atingidas nos municípios mineiros de Barra Longa, Mariana, Ponte Nova e Rio Doce, onde moravam cerca de 295 pessoas. Do total, 97% das propriedades atingidas estão em Barra Longa e Mariana.
De acordo com o estudo, a área rural de Barra Longa foi a mais afetada, com 136 propriedades atingidas e prejuízo de R$ 15,3 milhões. Em seguida vem Mariana, com 52 propriedades e perdas de R$ 7,1 milhões, Rio Doce, com três propriedades e perdas de R$ 670 mil, e Ponte Nova, com quatro propriedades e prejuízo de R$ 71 mil. Cerca de 25 propriedades da região ainda estão sendo catalogadas.
Segundo o presidente da Emater/MG, Amarildo Kalil – ex-gerente regional da empresa em Ponte Nova -, o estudo pode servir de referência para que os proprietários rurais atingidos possam requerer possíveis indenizações da mineradora Samarco, responsável pelo acidente em Mariana.
A maior parte do impacto foi em áreas usadas para pastagem, capineiras, plantações de cana-de-açúcar, grãos e horticultura. Nesses locais, as perdas foram estimadas em R$ 15,6 milhões, relativas a 1.270,5 hectares de terras atingidas. Cada hectare corresponde aproximadamente a um campo de futebol.
O estudo da Emater também aponta que 216 construções foram afetadas, causando R$ 5,2 milhões de prejuízos, 161 quilômetros de cercas foram destruídas, ao custo de R$ 977 mil, 293 máquinas e equipamentos estragados, no valor de R$ 760 mil, e 1.596 animais perdidos, com prejuízo de R$ 651 mil. O levantamento também apurou que 34 produtores atingidos têm financiamento de crédito rural no valor de R$ 3,3 milhões.
Kalil disse que as propriedades avaliadas podem ser divididas em dois grupos: “Em 31 propriedades, a lama destruiu mais de 50% da área. Isso ocorreu especialmente nas terras que estão nas margens do rio Doce e foram atingidas mais fortemente. Nessas propriedades, as atividades produtivas estão inviabilizadas, porque as melhores áreas foram perdidas.”
O estudo revelou que a porcentagem das áreas atingidas nas propriedades foi, em média, de 12,9%: “Em 164 propriedades, menos de 50% da área foram atingidos, então ainda é possível realocar as atividades nessas áreas e voltar a produzir. A área que foi efetivamente atingida não será usada de imediato e precisa ser recuperada em médio e longo prazo.”
Um relatório feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a pedido do Governo de Minas, diz que, apesar de não ter sido detectada a presença de metais pesados em níveis tóxicos nas amostras, o solo das propriedades rurais atingidas pela lama de rejeitos apresenta deficiência de fertilidade e problemas de ordem física causados pelo surgimento repentino de camada de sedimentos na parte superior da terra. Conforme as análises laboratoriais, o material sedimentado não apresenta condições para germinação de sementes ou para desenvolvimento de raízes das plantas.