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Lula recebe pedidos de atingidos de Rio Doce, Santa Cruz e Chopotó/PN

O presidente da República recebeu documento com denúncia de violações dos direitos das comunidades tradicionais afetadas pela lama de Fundão.
InícioREGIÃOTragédia deve secar rios e criar 'deserto de lama'

Tragédia deve secar rios e criar ‘deserto de lama’

Reportagem veiculada pelo jornal Folha de São Paulo nesse domingo, 15/11, traz reflexão sobre a tragédia de Mariana e suas desastrosas consequências para o meio ambiente. As toneladas de lama que vazaram em 5/11 de duas barragens da empresa Samarco são protagonistas do maior desastre ambiental provocado pela indústria da mineração brasileira.

Como esta FOLHA DE PONTE NOVA já informou, 60 bilhões de litros de rejeitos de mineração de ferro – o equivalente a 24 mil piscinas olímpicas – foram despejados ao longo de mais de 500km na bacia do rio Doce, a quinta maior do país. Destruídos pelo tsunami marrom, que deixou ao menos sete mortos e 15 desaparecidos, os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo devem transformar-se em desertos de lama.

"Esse resíduo de mineração é infértil, porque não tem matéria orgânica. Nada nasce ali. É como plantar na areia da praia de Copacabana", disse à FSP Maurício Ehrlich, professor de Geotecnia do Centro de Pesquisa em Engenharia da UFRJ. "Nada se constrói ali, também porque é um material mole, que não oferece resistência. Vai virar um deserto de lama, que demorará dezenas de anos para secar", acrescentou ele garantindo que a reconstituição do solo pode levar "até centenas de anos”.

Já para Marcus Vinícius Polignano, presidente do Comitê de Bacia do Rio das Velhas e professor da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, um dos mais graves efeitos do despejo do rejeito nas águas dos rios (Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce) é o assoreamento "irreversível". Além do mais, explica ele à FSP, enquanto está em suspensão no rio, a lama impede a entrada de luz solar e a oxigenação da água, além de alterar seu pH, o que sufoca peixes e outros animais aquáticos.

"A perda da biodiversidade pode demorar décadas para ser restabelecida. E isso ainda vai depender de programas montados para esse fim", diz Ricardo Coelho, ecólogo da UFMG na reportagem do jornal paulista.

"Existe ainda a possibilidade de espécies endêmicas [que existem só naquela região] serem extintas", acrescenta Ricardo, enquanto o biólogo André Ruschi, da Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, é enfático:  "Há espécies animais e vegetais ali que podemos considerar extintas a partir de hoje."

Também ouvido pela FSP, Denis Bessa, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição Aquática da Universidade do Estado de São Paulo/Unesp, acrescenta: "A esperança é que os riachos que deságuam no rio Doce – assim como nos demais rios atingidos – tenham muitas espécies, de forma que possam repovoar toda a extensão atingida pela lama."

(A reportagem da FSP é assinada pelos repórteres Eduardo Geraque e Fernanda Mena, com a colaboraçao de Alex Cavalcanti)

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