Luiz Carlos Itaborahy – Psicólogo em Belo Horizonte e Itaguara – CRP 7854
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Nos últimos tempos a palavra resiliência ganhou espaço em nosso cotidiano devido à pandemia. Mas, afinal, o que é resiliência?
Vivenciamos constantes desafios durante a vida, o que nos leva a enfrentamentos e adaptações a novas estruturas sociais e relacionais, resistindo às pressões de realidades adversas, difíceis de serem confrontadas.
Quando fugimos dos problemas é sinal de que não estamos preparados para encará-los devido a fragilidades emocionais e afetivas, além de pressões externas que nos desestruturam. Sendo assim, podemos ser acometidos pelo estresse, pela ansiedade e pela depressão ou ainda permanecemos inertes, em estado de choque.
A resiliência diz respeito à nossa capacidade de tomar decisões em um ambiente de tensão, até mesmo hostil, visando a encontrar novas estratégias que possibilitem a superação dos entraves em novos contextos. Vencemos as dificuldades quando as enxergamos de frente e avaliamos as armas internas que temos para superá-las.
A pandemia exigiu da grande maioria da população a busca de novas formas de viver e de enfrentar a doença, a morte, o luto, as perdas financeiras, a falta da companhia, o desemprego e tantas outras realidades. São os estados de tensão e insatisfação que nos mobilizam para mudanças e adaptações, como estratégia de sobrevivência, principalmente quando temos pessoas que precisam ou dependem de nós.
Saímos de nossa zona de conforto quando somos exigidos, mesmo sem estarmos totalmente preparados. Através dos problemas encontramos em nós aspectos emocionais que nem sempre conhecemos, mas que são estruturados de acordo com nossa história afetiva e com a nossa personalidade.
Somos resilientes quando entendemos que a dor, a angústia e o sofrimento fazem parte de nossa trajetória. Reconhecer nossas limitações pode ser o primeiro grande passo para entender o que se passa conosco diante dos desafios.
Em seguida, encontrar caminhos possíveis para superação das tormentas é também fundamental. Por fim, é preciso acreditar em nossas forças interiores, que revelam nossa capacidade de enfrentamento, criatividade na resolução dos problemas, persistência e domínio sobre nossas decisões.
Não é fácil ter uma atitude de resiliência permanentemente. Nem sempre é possível se reinventar diante de determinadas tragédias de imediato. Porém é também necessário compreender que os acontecimentos bons e ruins de nossa vida podem nos servir como aprendizado e, por aprendizagem, entendemos, conforme Carl Roger, como aquilo que nos provoca profunda modificação nos mais diversos processos de nossa vida.
Diz este autor: “Não podemos mudar, não podemos fugir de quem somos até que aceitemos o que somos. Em seguida, a mudança parece vir quase despercebida.” Que o momento nos ensine a buscar formas criativas e profundas de superação e recomeço.