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Contra a crise no HNSD, proposta de ‘mutirão do renascimento’

Desde 26/12/2017, a Viper Gestão Empresarial, de Belo Horizonte, mantém quatro de seus consultores atuando como cogestores do Hospital de Nossa Senhora das Dores/HNSD.

A novidade decorre de Termo de Ajustamento de Cooperação e Intervenção Administrativa Consensual/TACIC, assinado entre a Direção do Hospital e o Ministério Público/MG, na busca de saídas para a grave crise financeira que veio a público no início do segundo semestre de 2017.

Atuam os profissionais Igor Eto, Frederico Depentor, Luiz Carlos Duarte e Kathleen Garcia (foto), a qual recebeu esta FOLHA em 2/2 para entrevista destinada a avaliar o primeiro mês de trabalho.

Mestre em Administração de Empresas/UFMG com Ênfase em Avaliação de Empresas (Valuation), pós-graduada em Administração Financeira/FDC, graduada em Comércio Exterior/FGC-UMA, professora e consultora especialista em Área de Finanças e Estratégia, Kathleen não hesita em convocar a comunidade de Ponte Nova e região para um mutirão, nos moldes da mobilização que há quase 150 anos resultou na fundação do HNSD.

 

FOLHA – O HNSD é o segundo hospital de Minas (o primeiro é a Santa Casa de Ouro Preto) e surgiu em 1873, como resultado de um grande mutirão. Podemos esperar um mutirão do renascimento”?

Kathleen – Recebemos um livro com a história da Instituição, e é emocionante ler os nomes dos cidadãos da cidade e região que se uniram em 1873. Alguns doaram dinheiro, outros doaram materiais de construção, outros doaram força de trabalho, e o poder dessa união tornou o HNSD uma realidade. Um mutirão de renascimento”, como colocado pela FOLHA, seria um bom momento para retribuir e “salvar” o HNSD. Aproveito a proximidade do Dia Internacional da Mulher (8/3) para lembrar que muitas mulheres foram citadas no livro, pois fizeram a sua parte para dar vida ao Hospital. Quase 150 anos depois, é uma honra para nós, mulheres, olhar para trás e ver confirmada a nossa força. Temos um bom momento para as mulheres de hoje fazerem o mesmo. Faço um apelo a todas, de Ponte Nova e região, para se unirem em torno desta causa.

FOLHA – Como você dimensiona a crise e a perspectiva do HNSD?

Kathleen – Já é de conhecimento geral a situação financeira delicada. O Hospital está com elevados custos, receitas abaixo do necessário e inadimplência principalmente com a Mercoplan e o Ipsemg (ainda sem solução), impedindo o Hospital de honrar suas dívidas com médicos e fornecedores. São necessárias melhorias mais profundas, a fim de se maximizarem os resultados. Mas o momento é de ações emergenciais. Nossa equipe é experiente e tem conhecimento de ferramentas de gestão. Muitas decisões podem ser tomadas, e as pessoas envolvidas no processo mostram interesse em trabalhar para isso. Temos uma missão bem clara. Sabemos aonde temos que chegar. Sabemos como usar os recursos humanos, financeiros e materiais. Conhecemos o processo para transformar uma estratégia em ação e a ação em resultado.  As perspectivas são as melhores sob o aspecto gerencial. Tão logo seja vencido o desafio de obter os recursos financeiros rapidamente, poderemos promover uma transformação favorável. Estamos bastante otimistas. É importante ressaltar que, mesmo em cenário tão incerto, o Corpo Clínico e os profissionais em geral  estão fazendo a sua parte. Não tem sido fácil para muitos, mas se encontram firmes. Mais um motivo para que a comunidade de Ponte Nova, o Poder Público, as empresas e instituições venham a se juntar a estes guerreiros.

FOLHA – O Hospital continua ou fecha? Numa avaliação geral, qual o quadro encontrado?

Kathleen – Nossa equipe foi contratada para, em conjunto com o atual administrador – Ronaldo Rafael de Oliveira – e com a Comissão Interventiva (formada pelos representantes da Promotoria de Justiça, secretários de Saúde e dirigentes do Consórcio Intermunicipal de Saúde/Cisamapi), buscar a recuperação. Envidamos todos os esforços para buscar soluções efetivas, de forma que não faz sentido falar em fechar o HNSD. Passar por situação difícil, hoje em dia, não é novidade em vários setores de atividades, o que naturalmente impacta também nos negócios do Hospital.  Os convênios, também passando por dificuldades, não repassam pagamentos nos últimos seis meses. O quadro se agrava sem esses recursos para formar o capital de giro, o qual faz qualquer empresa funcionar, mantendo as operações, gerando faturamento, receitas, pagamento das obrigações e, no final do ciclo da operação, o resultado necessário para manter as atividades. Para empresa filantrópica – como é o caso do Hospital -, não é preciso superávit, pois a empresa não visa lucros. Todavia, quanto mais superavitária for, mais chances a empresa tem de crescer e melhorar seus serviços. Por outro lado, se o resultado é deficitário, compromete-se o capital de giro, que fica cada vez menor até o momento em que faltam recursos para fazer a instituição funcionar. O HNSD é robusto, ainda é referência na região, tem um volume de atividades muito significativo. Isto faz com que tenha grande resistência à crise. Portanto, o de que mais precisamos é de receber dos inadimplentes e ter capital de giro para voltar à normalidade em condições suficientes e de tomar medidas de médio e longo prazo, necessárias para recuperar a saúde do Hospital.

FOLHA – Há consenso no discurso de “não olhar para trás” e focar o esforço na busca da saída administrativo-financeira?

Kathleen – É isso mesmo. Não faz o menor sentido gastar recursos financeiros, materiais, intelectuais, de tempo, para fazer auditoria do passado. Uma ação desse tipo agora só impõe custos adicionais sem resultados efetivos. Um administrador não pode alterar o que aconteceu, mas pode mudar o curso para o futuro. Priorizamos levantamentos sobre a situação vigente e, nos casos em que as condições de negócios forem desfavoráveis para o HNSD, desenharemos modelos de negócios que sejam viáveis e rentáveis. Essas alternativas serão devidamente encaminhadas ao MP para que as melhores decisões possam ser tomadas. Quanto mais rápidos os levantamentos, mais rapidamente teremos bons resultados. Essa operação, no entanto, requer tempo. É preciso apurar informações, analisar a situação, promover discussões para estudar os impactos das novas alternativas. Quando houver segurança sobre a viabilidade do modelo, ele, então, poderá ser proposto. Por óbvio, nossa equipe está dedicada a realizar esta tarefa o mais rapidamente possível.

FOLHA – O médico, com seu paciente em estado grave, acena com esperança, sempre que é inquirido, porque o paciente ainda vive. Qual é o tamanho da esperança da Viper?

Kathleen – Não que seja possível dimensionar o tamanho da nossa “esperança”, entretanto a nossa equipe já vislumbra várias possibilidades. No momento, o maior desafio é obter recursos de curto prazo para cobrir a inadimplência. Trabalhamos junto ao Ministério Público e junto à própria equipe de funcionários para promover ações de captação de recursos. Não é um processo simples quando a situação está tão delicada. Um movimento importante, entretanto, foi tomado quando o TACIC foi assinado, o que permitiu a incorporação de profissionais em gestão de negócios. A meta é tornar a situação financeira superavitária,   através de várias ações, como a melhoria nos processos de faturamento, onde contamos sobretudo com a Srtª Cleir, consultora especialista em hospitais, principalmente na área de faturamento. Também buscamos redimensionamento da estrutura para colocá-la no tamanho necessário para atender as demandas, bem como melhorias no uso dos espaços e recursos materiais, evitando desperdícios. Estão todos muito comprometidos com as melhores práticas de gestão. Com este nível de envolvimento, é possível resgatar a credibilidade da comunidade na figura dos fornecedores, dos médicos, dos funcionários, das empresas, da população em geral. O HNSD precisa deste crédito de confiança.

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