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Racismo e adoecimento psíquico

Luiz Carlos Itaborahy – (*) – Psicólogo em Belo Horizonte e Itaguara – CRP 7854
luizitaborahy@yahoo.com.br  – (31) 99802-6336
 
 
 
Vivemos sob a falsa alegação da democracia racial. O racismo no Brasil, no entanto, existe e ganha contornos através da exclusão social, fruto de uma sociedade construída histórica e ideologicamente embasada no preconceito de cor, na opressão e na discriminação.
 
Assim, a comunidade negra foi se constituindo sob a égide do ódio étnico, provocando sentimento de menos valia e sobrevivência à margem dos direitos básicos, sem acesso à educação de qualidade e ao mercado de trabalho, em condições de igualdade de competição com o branco. Apesar de 55% da população serem de origem negra, o negro é o que menos tem acesso aos meios necessários para a mobilidade social, permanecendo no círculo vicioso de pobreza e miséria.
 
A vulnerabilidade ao racismo, em maior ou menor grau, depende da posição social, da capacidade de defender-se legalmente, da profissão, do grupo social em que está inserido e da capacidade de lutar por seus direitos. De modo geral, a condição de ser negro provoca adoecimento psíquico, principalmente em se tratando de negros pobres, que poucos elementos possuem para saírem da marginalidade social e se desvencilharem da autoimagem negativa. 
 
O racismo internalizado é resultado de uma deformação do conceito de ser humano, que ganha referencial negativo com a produção de uma identidade étnica discriminatória e destrutiva. As consequências desta concepção conduzem a uma prática desumana e autoritária. Apesar de invisível, em muitos casos, a pressão sobre a sociedade negra é tamanha que surgem problemas como estresse, ansiedade, depressão e até outras formas de adoecimento mais graves e permanentes. 
 
A autoimagem negativa é outro aspecto relevante que leva à negação da cor e das origens, moldando a conduta, a maneira de pensar, bem como o conceito negativo de si mesmo e do grupo ao qual pertence. Devido às desigualdades sociais e ao ambiente hostil, o negro está submetido, em sua maioria, à violência de todos os tipos. 
 
Os lutos crônicos é outro aspecto relevante na formação da personalidade do negro, principalmente nas periferias das cidades. Perdas de vidas e de oportunidades provocam sofrimento, definem o tipo de enfrentamento ou de submissão a ser seguido. 
 
Está mais forte a presença de grupos que defendem os direitos e a identidade negra, e isto tem feito muita diferença nos mais diversos aspectos, de modo a dar visibilidade social, profissional e pessoal como forma de defesa dos valores culturais, ancestrais e religiosos. 
 
Há ainda a necessidade de execução de políticas públicas que considerem o negro em suas condições emocionais. A promoção de uma sociedade saudável também se faz com a humanização do que foi desumanizado.
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