Nessa Quarta-Feira de Cinzas (6/3), primeiro dia da Quaresma no calendário católico, um assassinato chocou a comunidade de Ponte Nova, especialmente a do bairro Rasa: às 15h20, na rua Joaquim Machado Guimarães, Édson Pires (Edinho), 44 anos, matou a facadas seu vizinho Marcelo de Souza (Demorô), 47.
Conforme apuração inicial da Polícia Militar, o crime estaria ligado a drogatização, o que deve ser esclarecido nos próximos dias pela Polícia Civil. Já o assassino confesso disse que agiu por vingança.
A PM apurou que Edinho, tendo vários antecedentes criminais por furto, é usuário de crack e estava com uma consulta agendada para o dia seguinte (7/3), no Centro de Atenção Psicossocial/CAPS de Ponte Nova, tendo em vista o seu encaminhamento para clínica de reabilitação de dependentes químicos.
Uma agente de saúde do bairro Rasa informou aos PMs que Edinho faz uso de remédios controlados e, devido ao uso de crack, apresenta quadro psiquiátrico, o que motivou a marcação de consulta no CAPS.
Telefonemas anônimos acionaram os militares, os quais depararam com Edinho sentado na calçada, diante da casa de seu irmão Luciano Pires, 52, onde houve o crime. Havia aglomeração de vizinhos e curiosos.
Compareceu Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros, sob comando do sargento Vítor, constatando o óbito de Demorô. Depois dos trabalhos da Perícia Técnica da Polícia Civil, o corpo foi necropsiado em sala anexa ao Hospital Nossa Senhora das Dores.
Segundo o boletim de ocorrência, estando ao lado de seu outro irmão, Carlos Roberto Pires, 50, Edinho tinha manchas de sangue na roupa e pelo corpo. Ele não reagiu à abordagem policial e confessou o assassinato.
Por medida de segurança, os PMs retiraram Edinho do local, considerando que “a vítima era pessoa muito querida no bairro e a crueldade empregada pelo autor”. Antes do registro da ocorrência e de apresentação do autor à Polícia Civil, houve exame de corpo de delito dele, no Hospital Arnaldo Gavazza, sem detecção de lesões.
Os militares entraram na casa e depararam com o corpo no sofá da sala, tendo várias perfurações e um grande corte no tórax. Este golpe, “resultante de movimento de cima para baixo, serrilhou – e partiu – varias costelas e teria perfurado o pulmão e outros órgãos”, como informou a PM.
Aos policiais, Luciano contou que, ao lado de Demorô, fazia uso de bebida alcoólica e, em certo momento, pediu ajuda dele para dar um banho em Edinho, “uma vez que este se encontrava muito sujo e fedido e teria consulta no dia seguinte no CAPS”.
Depois do banho e vestindo apenas uma bermuda, Edinho passou pela cozinha e, sem motivo – como relatou Luciano -, avançou sobre Demorô, golpeando-o várias vezes. Este correu para a área do quintal, mas, deparando com o portão trancado, voltou para dentro de casa e novamente foi esfaqueado por Edinho, como também relatou o irmão do assassino.
A PM ressaltou, na ocorrência, que Luciano alegou “limitações de movimento” (tem problema na coluna vertebral) e teria tentado, sem sucesso, impedir os atos de seu irmão.
Perante os militares, Edinho deu a seguinte versão para o assassinato:
– Ao notar que o portão interno da casa estava trancado, ficou apavorado e, num ato instintivo, apoderou-se da faca. Como, em data recente, Demorô o teria ameaçado, decidiu vingar-se e o esfaqueou até a morte.
Autuado em flagrante na Delegacia de Polícia, Edinho ficou recluso na Penitenciária de Ponte Nova.