
A Polícia prendeu em 11/8, em João Monlevade, Alanderson Vander Silva de Souza, 23 (ex de Isabela), e Amanda da Consolação Silva Macedo Ferreira, 22 (atual companheira dele), acusados de tramar e executar o crime.
Nossa Reportagem ouviu Isabela na tarde de 16/8, na casa dela, no bairro Dalvo Bemfeito.
FOLHA – Conte em resumo a sua versão daquele fim de tarde.
Isabela – Na saída do trabalho, eu caminhava com uma amiga. Ele [Alanderson] chegou perto de mim e fez o que fez. Eu nunca imaginaria isso. Só lembro que escutei um barulho muito forte perto do ouvido direito e caí no chão. Minha mente continuava ativa e eu entendia que estava passando mal. Depois de alguns minutos, consegui abrir os olhos e aí vi várias pessoas em volta tentando me acudir e fui levada para o Hospital [Arnaldo Gavazza].
FOLHA – A versão inicial registrada pela PM era de que você estaria procurando o seu ex, inclusive com ‘trabalho espiritual’. O que tem a dizer?
Isabela – É mentira, eu não tinha contato com ele. A última vez foi em dezembro de 2021, se não me engano. A partir daí, só episódios raríssimos falando da nossa filha [de 2 anos], mesmo porque ele me procurou. Eu nem tenho pensão, nunca ameacei nem obriguei o contato dele com a menina. Ele sempre foi insignificante na minha vida, mesmo sendo pai da minha filha, da qual eu mesma cuido. Nunca fiz trabalho espiritual nem pratico esse tipo de religião. Minha família é cristã, nossa fé é totalmente voltada para Deus.
FOLHA – A participação de uma adolescente de 13 anos na emboscada é verídica?
Isabela – Sim. Ela me procurou no dia anterior, aqui na minha casa, com fralda que seria doada para minha filha. Tentaram me atrair naquele dia e não conseguiram.
FOLHA – Como era a sua relação com Alanderson e Amanda?
Isabela – Desde o 7º mês de gravidez, eu não tenho contato com ele e muito menos com ela. São insignificantes para mim. Nunca tive confiança nele, por exemplo, para se aproximar da nossa filha, e ele nunca demonstrou esse interesse. Algumas vezes, ela mandou mensagens me provocando, mesmo sem me conhecer. Eu não respondia e bloqueava as mensagens. Tenho tudo no meu celular.
FOLHA – Você reconhece os dois presos como sendo autores da tentativa de sua morte? O que tem a dizer a eles?
Isabela – No momento do tiro, eu não o vi. Mas depois da informação policial, de todos os relatos, lembrando da menina aqui em casa com a fralda, não tenho dúvida de que foram eles. Nunca dei motivo para o que fizeram e nada tenho a dizer para os dois nem tenho medo deles. Tudo o que eu faço agora é agradecer a Deus por estar viva.
FOLHA – Em algum momento você desconfiou de que pudesse vir a ser vítima desse tipo de violência? O que tem a dizer para todas as mulheres vítimas de violência?
Isabela – Não desconfiei de nada. Terminei o relacionamento com ele, não os procurava nem eles me ameaçavam. Eu não sabia nada da vida deles. O que posso dizer para meninas que passam por relacionamentos abusivos é que não aceitem agressões nem ameaças, por menores que sejam. Fiquem atentas, não deixem chegar a situações como essa que vivi. O meu relacionamento com ele durou dois anos e era abusivo. Não estou dizendo apenas de agressões físicas, mas psicológicas e emocionais. Vivi vários tipos de transtornos.
FOLHA – Como está sendo a sua recuperação? Existe alguma limitação?
Isabela – Graças a Deus tenho boa recuperação. Em alguns dias sinto bastante dor no local do tiro, mas o médico disse que é pela presença de corpo estranho. O projétil segue alojado na minha cabeça porque os médicos não viram necessidade de retirar. A bala está retida num osso bem forte. Talvez nunca tire a bala, não há riscos de me prejudicar a curto ou a longo prazo. Eu só fiquei internada [durante oito dias] para acompanhamento, ficando dois dias no CTI por causa do ferimento. No mais, é vida normal, sem sequelas. Espero poder recomeçar, voltar à minha vida como era antes. Ainda estou afastada do serviço, mas bastante grata por estar tão bem.

A Polícia prendeu preventivamente em 11/8, em João Monlevade, Alanderson e Amanda. No inquérito, a Delegacia de Mulher de Ponte Nova apura crime de tentativa de feminicídio. Nesta quinta-feira (18/8), ainda tramitava pedido de prisão domiciliar para Amanda.