Tramita desde a 2ª quinzena de julho, na 1ª Vara Criminal/Ponte Nova, processo relativo a organização criminosa acusada de atuar em esquema de tráfico de drogas e crimes afins, além de lavagem de dinheiro. Os envolvidos são nove: três foragidos, três presos, dois em liberdade provisória e um em prisão domiciliar.
Esta FOLHA apurou que em 14/7 a promotora de Justiça Bárbara Martins de Souza, do Ministério Público/Ponte Nova, emitiu parecer pela prisão preventiva de todos, ao atender requerimento do delegado de Entorpecentes da Polícia Civil, Silvério Rocha de Aguiar. Este encaminhou rigoroso inquérito a partir da Operação Independência, deflagrada em setembro/2022 pela Polícia Militar local.

Como esta FOLHA divulgou na época, em 6/9/2022, no bairro São Geraldo, a Operação envolveu 50 PMs e resultou em prisão de 6 adultos e apreensão de 4 adolescentes, havendo recolhimento de tóxicos e materiais vinculados ao tráfico em 10 endereços.
Localizaram-se: 57 pinos de cocaína, pedra de crack e maconha (33 buchas, 3 pedaços e uma planta); 3 balanças de precisão; caderno com anotações de vendas; cartões e recibos bancários (saques, depósitos e saldos de contas correntes); 10 celulares; R$ 5,8 mil; e itens de uso para processamento e embalagem de droga.
A investigação
A Polícia Civil indiciou os abaixo relacionados:
– Júnior Kennedy Soares Martins Pires, 21 anos, e Filipe de Souza Neves, 19, ambos do bairro São Geraldo/PN.
– Gabriel Teixeira Barbosa, 23, e Rodrigo Guimarães Barbosa Rocha, 29, ambos do bairro Pacheco/PN.
– Janaína Mendes Gonçalves, 24, e Robson Júlio de Souza, 33, ambos do bairro Cruzeiro/Rio Casca.
– Wedson Júnior de Souza, 23, do bairro Novo Milênio/Urucânia.
– Ketanny Victória Cardoso Godinho, 20, do bairro Nova Viçosa/Viçosa.
– Priscila Beatriz da Silva Santana, 34, do bairro Santo Antônio/Piedade de Ponte Nova.
Com informações obtidas nas quebras de sigilo bancário e telefônico, mais os dados fornecidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras/COAF (*), detalhou-se esquema de venda de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Verificou-se o histórico criminal de cada indivíduo com relatos impressionantes. Eis alguns exemplos:
– Júnior Kennedy tinha contas bancárias em 18 bancos, processando grandes valores depositados em espécie, com transferências de quantias para outros suspeitos e até para 5 motoboys que supostamente atuavam na entrega de droga em Ponte Nova.
– A PC ainda encontrou comprovantes bancários enviando grandes quantias para empresas de fachada.
– Ketanny movimentou em 2 meses quase R$ 500 mil, transferindo quantias para diversos envolvidos no crime.
– Nos telefonemas e mensagens em rede sociais, a PC apurou inclusive compra de armas e negociação de drogas.
R$ 1,4 milhão bloqueado
A promotora Bárbara Martins concordou com a Polícia Civil sobre a necessidade de prisão preventiva do grupo e, entre outras providências, pediu e obteve em Juízo o bloqueio de saldos bancários em contas de Júnior Kennedy (R$ 697,9 mil), Ketanny (R$ 234,7 mil) e Wedson (R$ 469,8 mil).
O juiz Marcelo Jordão Gomes, da 1ª Vara Criminal/PN, deliberou pela prisão de 7 dos acusados (ficaram de fora Janaína e Rodrigo), transcorrendo diligências em fins de julho e início de agosto. Nossa Reportagem apurou o seguinte:
– Wedson, Ketanny e Robson estão foragidos.
– Estão reclusos no Complexo Penitenciário de Ponte Nova: Júnior Kennedy e Filipe.
– Priscila esteve presa, mas obteve liberdade provisória, enquanto Gabriel foi beneficiado com prisão domiciliar.
Prisões mantidas
Em 8/8, o juiz Marcelo indeferiu requerimentos de advogados e manteve as prisões preventivas de Gabriel, Robson e Wedson. “Permanecem os motivos que determinaram as suas segregações cautelares”, informou o magistrado para considerar “a gravidade concreta da conduta dos três”.
Acrescentou o magistrado: “O crime de tráfico causa comoção ou abalo na sociedade, com reflexos negativos e traumáticos à coletividade, podendo deixá-la com a sensação de insegurança, diante de crime equiparado a hediondo, responsável pela desestruturação de famílias e pela morte precoce de milhares de jovens.”
Caso de Gabriel
O juiz, no entanto, concordou com a prisão domiciliar para Gabriel [ele se recupera de acidente de trânsito ocorrido em abril], pois “restou comprovada a sua extrema debilidade, o que indica tratamento médico adequado”.
A advogada Amanda Santos de Castro reitera, perante esta FOLHA, que Gabriel “não cometeu delito de tráfico de drogas e não tem nenhuma relação com os demais denunciados”. Ela segue trabalhando pela sua absolvição.
No fechamento desta notícia, a nossa Reportagem seguia na tentativa de ouvir os advogados dos demais detidos, com informe oficioso de mobilização na forma de recursos diversos. No caso de Filipe, por exemplo, a advogada Paloma Michelle Carvalho Borges está empenhada “em comprovar que o cliente não possui envolvimento com os crimes em comento” .
Esta FOLHA não obteve comentários do juiz Marcelo Gomes, da promotora Bárbara e da Chefia da Polícia Civil. Todas as informações aqui reunidas estão disponíveis para consulta no Diário Eletrônico do Tribunal de Justiça e no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.
(*) – O COAF integra o Ministério da Fazenda e o Sistema Brasileiro de Inteligência/Sisbin e faz parte da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.